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    27 de abr. de 2012


    Quando eu era mais nova, lá por volta dos meus 6 anos, eu li o meu primeiro livro.
    Me lembro perfeitamente dele, intitulado "O Reizinho mandão" da Ruth Rocha. Tinha uma capa azul e verde com uma textura gostosinha de sentir com a ponta dos dedos, com a figura de um menino rei, com uma cara carrancuda e esnobe. Não me lembro quantas vezes eu li aquele livro, só sei que foram muitas, eu lia na hora de almoçar, na hora de deitar, até tomando banho! trocando as páginas com as pontas dos dedos para não molhar.
    No início eu não entendia muito bem o sentido do livro, eu só entendia as palavras, eu as juntava bem devagar e era uma vitória só minha quando eu conseguia ler uma frase toda. Com o tempo eu fui entendendo o porquê do livro.
    Era sobre um reizinho que maltrata a todos, julgando-se mais esperto e superior, até que um dia alguém entregou-lhe uma roupa que dizendo que "só os inteligentes a enxergam" e a verdade é que não tinha roupa alguma, e o tal reizinho, com medo de passar-se por ignorante diante de seus súditos, andou dias e dias desnudo. A moral é clara. Aprendi minha primeira lição com um livro: Sentir-se esperto não te torna esperto.
    E depois dele me lembro de um livro sobre um menino autista, que contava o mundo e suas "realidades" de um modo especial, li também " O menino do dedo verde", o "Pequeno Príncipe", todos antes dos meus 10 anos de idade. Todas esses histórias foram lindas e me ensinaram a começar a ver o mundo e as pessoas com uma certa doçura, com uma certa esperança de que minha vida fosse um pouco mais do que eu vivia na época.
    Não que minha infância tenha sido ruim, foi maravilhosa, fui criada pelos meus avós, com dois irmãos mais novos que eu amo mais que tudo! fomos companheiros de dores, perdas e muitas e muitas brincadeiras que enlouqueciam minha avó.
    Começou ai minha obsessão com os livros. Eu lia de tudo, de tudo mesmo. Eu chorava com mortes, ficava extasiada por dias com finais tórridos, enlouquecia de paixão por mocinhos que iam de ingleses felpudos á índios selvagens, lia livros mal escritos de bancas de jornais que custavam 2,99, panfletos de supermercados, lia até livros que mal entendia, eu lia tudo o que eu pudesse ler.

    E posso afirmar com certeza que boa parte da construção da minha personalidade e do meu caráter se deve aos livros também.
    Por isso, eu escolhi a profissão de jornalista, que é saber escrever o que não se quer, mas que se precisa, e ter a liberdade de escrever o que quiser também.
    Porque é como eu sempre escrevo no início de cada agenda que eu compro no início de cada ano:

    "Escrevo pelo terrível anseio de andar na contra mão, quem muito fala se contradiz,
    quem escreve levanta vôo"

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